sábado, 4 de abril de 2009

Haja paciência




Gosto de passear. A pé, de bicicleta e por outros meios. Quando decido passear de bicicleta, tento adoptar um método seguro. Para mim e para os outros. Circulo apenas nas ciclovias e quando tenho que circular fora delas, levo a bicicleta à mão. Não ando aos zigue-zagues pelos passeios, nem pelos jardins e muito menos na estrada. Os dois primeiros são para os peões, portanto, adopto o comportamento de peão. A estrada é para os carros, ponto final.

Mas acho que sou a única pacóvia a adoptar este comportamento. O que vejo é “pedaleiros” no meio dos jardins, com razias às pessoas que passeiam com a família. Vejo outros “pedaleiros” em altas velocidades pelos passeios, contornando pessoas que transportam compras do super-mercado, que se dirigem às paragens dos autocarros, enfim, que circulam no seu espaço, ou seja, o passeio. Os que vejo nas ruas da nossa cidade, são do mais civilizado que há, porque não adoptam nenhum comportamento, nem de condutor, nem de peão: quando o semáforo fecha para as viaturas, estes “pedaleiros” continuam a avançar, sem medos, numa postura superior, do tipo “a minha bike é a melhor do mundo”, “as regras são apenas para os patetas motorizados”.
Este comportamento foi por mim presenciado ontem, nas Amoreiras, pelas 19 h (sim, 6ªf, em hora de ponta, nunca há trânsito nesta zona, que ideia!), uma linda jovem loura, de shorts muito curtos, pernoca à mostra e rabiosque espetado no selim, com headphones nos ouvidos, sem capacete ou outra protecção que não fosse o seu lindo corpinho, prosseguia, indiferente aos veículos – autocarros, camionetas, veículos de todo o tipo. Na sua atitude radical, nada a deteve, nem os semáforos, nem os cruzamentos, nem o trânsito intenso. Confesso que tive medo dela e dos problemas que me podia causar, apesar de eu estar protegida pela carroçaria. Mas senti-me fragilizada: a minha envolvente carroçaria de ferro e metal contra apenas o seu corpo, à vista.
Este menosprezo pelo sagrado que é o nosso corpo intimidou-me e questiono-me se não é nossa obrigação defender a nossa estrutura de pele, carne, ossos e órgãos que a Natureza nos deu.
Só espero que esta linda jovem nunca vá parar ao Hospital do Alcoitão. Mas uma visitinha fazia-lhe bem.


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