quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ainda

Tu, meu pronome pessoal
Fecha-se um ciclo todos os dias
com recomeços nocturnos
de amores [sempre] infinitos.
O Amor nunca é igual,
parte de mim amarrada ao passado,
outra parte com a alma no futuro.
[e os anos passam - depressa, seguidos pelo vento
e pelas palavras que espalho no teu corpo].
Amar-te nunca foi fácil:
ainda me assusta se for para sempre!

/aa/

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Silencia/me


O silêncio tem o sabor de amoras silvestres, negras e brilhantes como a noite que abraça os pensamentos.

Sentes o cheiro das estrelas? 

Eu não o sinto; tenho a pele (ainda) impregnadados toques macios e deslizantes, do silêncio a massajar o corpo.

Pressentes o rasto dos sonhos?

Dos sonhos que desenhei para ti, em estátuas e em nuvens, no silêncio do traço fino.

E passeio nos telhados de casas vazias, encontro o silêncio - o teu e o meu -, que me grita, despenteia, empurra-me. Beija-me.



domingo, 14 de junho de 2015

Sinto/te



Vou continuar a mesma apaixonada de sempre no lugar de sempre, à espera do homem de sempre.

Até que chegue, lentamente, alguém que me ensine a desprogramar-te de mim, a diluir tudo o que tenho de ti por dentro do que me sustém.

Até lá serei tua e ninguém terá sequer o direito de me olhar em pleno.

É essa a minha decisão final. 

Mas depois da minha decisão final vem a tua. 

A decisão é tua. 

Sempre tua.

~ Pedro Chagas Freitas ~




Não sei se te espero ou se apenas te sinto.
Sinto que vou sentir-te para sempre, não importa que tu me ames e continues a amar-me.
Instalaste-te no meu peito, sem pedir licença e agora sou eu que não te autorizo ninguém a desintalar-te.
Serei sempre tua. Assim, sempre tua.

sábado, 13 de junho de 2015

Dóis/me




Dóis-me, sabes?
Dóis-me na pele. Dóis-me nas mãos.
Dóis-me no Inverno, na certeza e no inevitável.

Dóis-me ao acordar quando me abraças.
Dóis-me no silêncio do olhar.

Dóis-me quando te roubo um beijo.
Dóis-me ao morder-te os lábios.
Dóis-me quando adormeço dentro de ti.
Dóis-me ao lançar ao vento os beijos que te sopro.

Dóis-me em pensamentos, dóis-me dentro do peito.

Dóis-nos.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Melhor



As palavras mais belas escreveste-as no coração.
Fecho os olhos e leio-as dentro de mim,
saboreando cada sílaba, cada interjeição,
cada pedaço de pele (tua),
cada pedaço de oxigénio meu.

Se fosse um elixir de vida,
este sorriso será sempre teu:
Arranco-te o que mais gosto (de ti),
esse (teu) sorriso trocista,
que escorrega (deliciosamente)
pelo meu corpo (que é teu).

Não sei se (te) amo mais,
sei apenas que tu (me) amas melhor:
... tu que amas os meus defeitos.

Sei (apenas) que (te) amo muito;
determinação indómita, que esfarrapa os obstáculos.
(...)
Preenches-me cada pedaço de pele,
com beijo e sorrisos:
tu amas-me melhor.



SONETO 5
Amei-te. Amei-te muito. E estou cansado
de dizer que te amei, que te amo ainda.
Amei teu corpo com meu corpo alado.
E amei-te porque és feia e porque és linda.

Amei tudo em ti. Os teus olhos feitos
com o pão e o mel que comeu Moisés.
Tua boca cheia com os meus defeitos.
Teu corpo perfeito da cabeça aos pés.

Amei-te uma, duas, um milhão de vezes
como sendo sempre a primeira vez.
Escrevi até, sobre isso, duas teses.

Não sei se amor assim alguém o fez.
Malgré tout, como dizem os franceses,
ainda o faço uma vez por mês.

~ Joaquim Pessoa ~

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Se te amo?



Se te amo?
Não. Apenas gosto de ti.

Faça Sol, faça Vento, madrugada ou manhã.
Haja Paz, haja guerra, trovoada ou calmaria.
Insulto-te, beijo-te.
Zango-me, fico-me.
Rasgo-te a pele, adormeço-te no meu colo.
Seguro a tua mão, deito-te ao chão.
Magoo-te, firo-me.
Acabo contigo, abraço-te com força.
Mordo-te, sorrio-te.
Gasto o tempo, poupo os minutos.
Delicio-me, odeio-te.
Alimento os teus sonhos, destruo o teu Mundo.
Alicerço planos, vou-me embora.
Não quero saber de ti, fico ao teu lado.

Se te amo?
Não. Apenas gosto de ti.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Se



Quando o meu corpo veste o teu corpo,
desfilo pelos teus braços,
rodopio nas tuas mãos,
escorro-te pelo pescoço.

Em busca de essência me perdi,
num mundo até então desconhecido.
E foram riachos, e foram montanhas,
vales floridos e bosques desconhecidos.

Colhi frutos silvestres, bebi das fontes água pura.
Quando o meu corpo veste o teu corpo,
deixo-me adormecer nos teus braços.


Salpicos



Procuro as palavras que ontem espalhei no teu corpo.
Desenho um beijo na tua boca - postigo da tua alma - que me sacia a sede,
Nessa tela esboço os sentidos, iluminados por mil sóis de jasmin.
Dás-me as respostas às perguntas que (não) fiz; 
Seguras-me a mão e estreitas os dedos nos meus dedos - estalam os ossos, ou rejubila o meu coração?

(...)

Olho-te nos olhos, meu reflexo, meu ser, meu encontro, meu reino, minha paz,
Neles mergulho, com urgência, com ânsia, com desejo:


Quero-te.
(Dou-me).

Exijo-te.
(Tens-me).

Tua.
Teu.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Lembranças



Encontrei uma carta que te escrevi faz para o ano muitos anos.
Era Junho e, nela, falava-te da nossa praia, das pegadas que marcámos na areia, das ondas pequenininas que nos beijavam os pés.
Falava-te das estrelas, quais freixes de Luz e Esperança, que acariciavam as noites que passámos deitados na relva macia, apenas a contemplá-las e a trocar segredos - cumplicidades - em surdina:
"Sabes o que eu queria agora?"
"Sei... não...não sei...sei sim..." (risos)
"Sabes nada!"
"Sei, sei! Oh, lá estás tu..." (risos)
"Lá estou eu o quê?"
"Lá estás tu... a baralhar-me!"
"Ai, eu baralho-te?!"
" Só quando estou distraída, ora!"
(...)
E as estrelas, lá no alto, brilhantes na noite junina, riam-se, troçando, cochichando até; por várias vezes as mandaste calar, mas pouco te obedeciam. Tal como eu.
E, sim, escrevi que rezingávamos como dois velhos, às vezes. Mas brincavámos como dois miúdos noutras, descobriamo-nos como dois adolescentes de dia e amavamo-nos - como só os amantes o fazem - de noite.
E descrevi-te o mar, as rochas - as nossas rochas -, as grutas frescas que refrescavam os corpos tostados pelo sol, pequenas lagoas recheadas de caranguejos, que teimavas em pôr a passear nas minhas pernas - os nossos risos ainda ecoam nas grutas, sabes?

Encontrei uma carta que te escrevi. O papel amarelado jazia num bolso do teu casaco. O botão do punho esquerdo estava perdido e os meus dedos choraram de saudade, numa noite quente de Junho.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Descidas



Desce o dia sobre a pele.
Desliza pelo pescoço, escorrega pelas costas.
Termina o dia em mim, e anoiteces-me tu.

Percorres-me os ombros, desces pelos braços,
e acaricias as mãos morenas e cansadas de te querer.

Famintas, procuram-te, não apenas corpo quente e vibrante,
mas alma, cérebro... essência.
É num sorriso que sei que és meu.

É (apenas) num sorriso que sei que me pertences, voluntário cativo.
É nesse sorriso que sei amar-te.
E renascer quando te invado os sonhos.