“O ex-atleta paralímpico Carlos Lopes está retido em Paris por lhe ter sido vedado o acesso a um avião da TAP com destino a Lisboa porque o seu cão-guia não possuía açaime.”
(…) “No entanto, Carlos Lopes promete tomar medidas quanto ao sucedido, por terem sido violadas leis nacionais e da aviação civil.
Um outra companhia aérea (Iberia) disponibilizou-se para transportar Carlos Lopes, mas este recusou-se por considerar que iria estar a "abrir um precedente".
"A TAP não está acima da lei. O mais fácil seria optar por uma outra empresa, mas não é o que devo fazer", afirmou.”
(…) “O jurista e presidente do Conselho Fiscal e de Jurisdição da ACAPO, José Guerra, aconselhou o ex-atleta a apresentar queixa na polícia.
De acordo com o jurista, contactado pela Lusa, o comandante da TAP violou o decreto-lei 74/2007 da lei dos cães de assistência [cães-guia para cegos e também cães que prestam assistência a surdos e a deficientes motores].
A legislação define que "o cão de assistência quando acompanhado por pessoa com deficiência ou treinador habilitado pode aceder a locais, transportes e estabelecimentos de acesso público, designadamente: Transportes públicos, nomeadamente aeronaves das transportadoras aéreas nacionais, barcos, comboios, autocarros, carros eléctricos, metropolitano e táxis" [artigo 2º].
O artigo terceiro acrescenta que "os cães de assistência são dispensados do uso de açaimo funcional quando circulem na via ou lugar público".
(…) “O jurista refere ainda que o comandante violou o decreto-lei 241/2008 que tem por base "o princípio de que o mercado único dos serviços aéreos deve beneficiar todos os cidadãos, sem qualquer excepção".
Segundo o decreto-lei, constitui uma contra-ordenação muito grave: "a falta de autorização, por parte da transportadora aérea, do seu agente ou do operador turístico, de assistência, quando for solicitada, de um cão auxiliar".
Não é o acto isolado, apenas, deste comandante que aporta arrogância, ignorância cívica e prepotência, é a TAP como organização: é frequente cancelar voos, alegando “questões técnicas”, é toda uma falta de respeito pelos passageiros, é o elevado preço praticado, enfim, mais do mesmo.
Neste caso, em concreto, é a falta de respeito pelo indivíduo, invisual, que só por acaso é ex-atleta para-olímpico, que só trouxe para Portugal 4 medalhas de ouro [claro que estes feitos, para o senhor comandante da TAP, são tremoços], é a falta de respeito pelo trabalho incansável desenvolvido por cães-guias de invisuais, bem como os de auxílio a surdos e deficientes motores.Só quem acompanha de perto estes magníficos exemplares pode compreender a sua dedicação e auxílio aos donos. São cães de trabalho, sem vencimento, mas cujo treino fica muito dispendioso e há longa listas de espera. Pessoas que poderiam ter a vida menos dificultada, auxiliadas por estes magníficos canídeos, não precisam da falta de respeito do senhor comandante da TAP.
Vejamos como a Ibéria se disponibilizou, de imediato, a transportar os portugueses…palavra d’honra, é uma vergonha para Portugal.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
O absolutismo da TAP
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2 comentários:
Excelente post. Esta falta de respeito não deve ser deixada passar em branco.
A prepotência humana tira-me do sério, Casa do Pinhal. Todos são maravilhosos, mas os cães de trabalho merecem todo o nosso respeito pelo serviço prestado a quem deles mais precisa.
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