(…)
- "Deixemos que o Destino dos Deuses escolha: não quero cd’s, quero a M80 ou o RCP, as que ouço…porque passam música do nosso tempo. Vá lá, quero dançar…sabes?, ultimamente… as músicas da rádio têm-me surpreendido…como mensagens, percebes?"
Acenas-me, sei que percebes. Somos demasiado iguais! Mas tão iguais, tão iguais… e por isso não deu certo, não me canso de te repetir nos últimos dias: “Ah, mas eu tenho ainda melhor memória que tu!”, gabo-me, numa gargalhada infantil. “E és mais bonita”, provocas. “Não te ponhas com essas tretas, nenhum de nós está disponível para essas palermices. E não te queixes, o tempo foi generoso para ti; pelo menos, ainda tens bastante cabelo! Anda lá – mudo de assunto, muito subtilmente – a M80, faz favor, mexe-te, caramba!”
Esta impaciência, tão característica, é plenamente justificada. Eu sei, eu (pre)sinto, eu vejo…Aos primeiro acordes, murmuro baixinho “eu sabia” e no parque de estacionamento, amplo e deserto, fixo-me na tua maçã de Adão [era tão saliente..., mas ainda está ao nível dos meus olhos], dás-me a mão e encosto o queixo no teu ombro, como antes.
Retrocedemos trinta anos, numa inversão de marcha…

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