quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ambiguidades




Para adormecer a ‘dragona’ que emergiu em mim e persiste em lançar labaredas em todas as direcções, nada como um almoço à maneira, que dissolva toda …a raiva?!
A escolha recai sobre um vegetariano (tofu, seifan, …) para aniquilar os estragos dos últimos dias.
A conversa ‘enerva-me’: gira em torno de trabalho (trabalho, trabalho, trabalho), os novos códigos contributivos e todas as ‘modernices’ que nos esperam em 2011.
 
* não foi bem está a palavra que proferi, mas esta serve perfeitamente…
- “Mas que porcaria* de conversa!!” - é demais para mim, a determinada altura - “ é isto o nosso almoço de Ano Novo?!”
- “Que tens tu?”, “Estás aborrecida com quem?” - as atenções viram-se para mim, que mantenho o olhar perdido através das janelas.
- “Estou danada comigo” - revelo, enquanto esboço, com a ponta da faca, arabescos no guardanapo - “porque sou uma burraaaaa…”
Riem-se e prossigo:
- “Sou tão, mas tãããão…só me apetece…grrrr! Gritar, prontus!
- “Ò miúda, que não te falte nada: grita pr’ai à tua vontade!” - e as três tapam os ouvidos, rompendo todas numa gargalhada sem fim.
(…)
A tarde decorre rápida, com surpresas (boas! Por que eu mereço, hihihi) e as outras… que fazem parte do processo…
A noite estende o seu manto negro (poesia pirosa - também - é admitida por aqui, de vez em quando), acompanhando-se de uma chuva aguçada, que me pica os joelhos, como agulhas, dissolvendo os meus planos de banho de loja para afastar a tempestade em copo de água…

Embrulho-me no casaco, aconchegando-o a mim. É inútil, o frio que sinto…é de dentro…é o coração que gelou, de apatia e inércia, mas…
…cauterizo com facilidade!

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