(a continuación…)
Ui, que manhã tão, tão…madrugadeira! Não posso crer: olho para o telefone, “isto não são horas pra ninguém…”, resmunguei com os meus botões. “Bem, não há tempo a perder…” Antes de sair do quarto, olho-me uma última vez no espelho: “Gosto do que vejo, vamos lá dar cabo deles…”. Na rua [em obras, claro está], apanho um táxi [está gelo!], que me deixa 15 minutos depois à porta da empresa. Fecho a porta, respiro fundo, endireito as costas. Olho à minha volta: no lado oposto, mesmo à minha frente 2 big-big-big-borders (um Director-Geral-Geral-Geral-Geral-Geral e um Director Internacional de uma grande área). “Pelo amor da Santa…só comigo!”, ouvem os meus botões. Cruzo-me com ambos a meio da passadeira, cumprimentando-os com o meu melhor sorriso e o menos graduado cumprimenta-me, tratando-me pelo nome. Acho que foi coincidência…o meu ego não enche à primeira…
O dia decorreu dentro do esperado, almocei com todos os colegas de departamento da minha área, e terminou tarde e a más horas. Mal me vejo na rua, decido que direcção tomar, preciso de caminhar, mas as ruas estão (já? ainda? quase desertas. Tento seguir um caminho rectilíneo, mas as obras pouco me ajudam neste projecto. Apanho um táxi, rumo ao hotel.
No hall, ouço na tv espanhola [é muito engraçada: em time-prime, projecta-nos Hércules, Smallville, depois de um noticiário enfadonho], o nosso SN (Carlos Queirós) pronunciar-se sobre…não interessa nada.
Subo as escadas só para ver se o quarto está gelado. Ligo o ar condicionado e desço. Espreito o hall, porque ouço “Take my breath away" (para quem não sabe era a música do Top Gun, interpretada por uns tais Berlin…que nunca ninguém soube muito bem quem eram), com imagens de um Tom Cruise imberbe e reporta-me, por instantes, aos meus 18 anos…
Ui, que manhã tão, tão…madrugadeira! Não posso crer: olho para o telefone, “isto não são horas pra ninguém…”, resmunguei com os meus botões. “Bem, não há tempo a perder…” Antes de sair do quarto, olho-me uma última vez no espelho: “Gosto do que vejo, vamos lá dar cabo deles…”. Na rua [em obras, claro está], apanho um táxi [está gelo!], que me deixa 15 minutos depois à porta da empresa. Fecho a porta, respiro fundo, endireito as costas. Olho à minha volta: no lado oposto, mesmo à minha frente 2 big-big-big-borders (um Director-Geral-Geral-Geral-Geral-Geral e um Director Internacional de uma grande área). “Pelo amor da Santa…só comigo!”, ouvem os meus botões. Cruzo-me com ambos a meio da passadeira, cumprimentando-os com o meu melhor sorriso e o menos graduado cumprimenta-me, tratando-me pelo nome. Acho que foi coincidência…o meu ego não enche à primeira…
O dia decorreu dentro do esperado, almocei com todos os colegas de departamento da minha área, e terminou tarde e a más horas. Mal me vejo na rua, decido que direcção tomar, preciso de caminhar, mas as ruas estão (já? ainda? quase desertas. Tento seguir um caminho rectilíneo, mas as obras pouco me ajudam neste projecto. Apanho um táxi, rumo ao hotel.
No hall, ouço na tv espanhola [é muito engraçada: em time-prime, projecta-nos Hércules, Smallville, depois de um noticiário enfadonho], o nosso SN (Carlos Queirós) pronunciar-se sobre…não interessa nada.
Subo as escadas só para ver se o quarto está gelado. Ligo o ar condicionado e desço. Espreito o hall, porque ouço “Take my breath away" (para quem não sabe era a música do Top Gun, interpretada por uns tais Berlin…que nunca ninguém soube muito bem quem eram), com imagens de um Tom Cruise imberbe e reporta-me, por instantes, aos meus 18 anos…
Afasto-me rapidamente [ou fugo das recordações?!], em direcção a la calle. Após uma jornada de 12 horas fechada, quero expandir os horizontes, sinto necessidade de esticar as pernas, de apanhar o ar fresco (ou será gélido?!), que me corta o pescoço, mas não o suficiente para me desanimar. Estou na cidade. Incógnita. Podia combinar um jantar com um(a) amigo(a), ou com colegas, mas não me apetece [mais] conversar em espanhol. Tenho a cabeça cheia de sons, em 4 línguas, todo o chilrear humano que ouvi durante todo o dia.
Quero descomprimir. Perco-me nas ruas planas da Diagonal, passo os olhos pelas lojas, mas hoje não me detenho em nenhuma. Entro num sítio qualquer, como bocadillos (que é como quem diz “uma sandocha”), com sumo de laranja natural; não combina, não faz mal. Vou a meio, entretida entre folhear uma revista e observar quem passa lá fora e dou conta de um vulto que se aproxima. Pior, senta-se na minha mesa, com naturalidade e sorri: “!Holá!”. Hum, faço um sorriso de circunstância, “Meu-Deus-Ajuda-me, quem é este?, deve ser um colega qualquer, alguém que me conhece e eu não faço puto ideia, Ajuda-me-por-favor…” Não me dou por desarmada e sorrio, também, com naturalidade, “Que-os-Deuses-me-ajudem”, apelo à minha memória…um tontinho não será, estou num sítio público, cheio de gente, não há problema, “Mas-quem-será-esta-anta?!”, apelo à minha memória, que escolheu muito mal o momento de estar off…
O estranho-desconhecido-criatura-qualquer-coisa pergunta-me pela perna. A MINHA PERNA?! Estou estarrecida e saltam-me pontos de interrogação de todos os poros…Mantenho o sorrisinho de tonta, ganhando tempo, “Que-faço-agora?!”, e o rapaz [finalmente, estou prestes a ter uma apoplexia…] esclarece-me: estava na loja onde pintei a perna, ontem. Que me viu escolher o desenho, que me viu sair com a pintura…Fala desalmadamente, mas é engraçado. Interrompo-o, pergunto-lhe de onde é [pelo seu espanhol cantante, não é daqui perto…]. É da Colômbia! “Da Colômbia?!” – repito, para mim mesma, associando, de imediato, a economia colombiana assente na papoila… “Como?! É alto, bem constituído, louro de olhos azuis…” Não devo ter escondido o meu espanto e o rapaz lá continuou: que vive e trabalha em Barcelona, vai uma vez por ano à Colômbia, são 10 horas de avião e as passagens são caras…Que os catalães têm a mania que são os melhores do Mundo [nestas andanças, eu já lhe tinha dito que era de Lisboa…né?], o trânsito, os carros…teve um acidente de moto, esteve 2 meses em casa: pesava 105 kg e, com a recuperação, perdeu 15. Falo-lhe de Lisboa, de F., da Pipoquinha e dos gatinhos, que gosto de andar a pé. Diz-me que anda 2 kms por dia, que os carros nas cidades deviam ser limitados. Que fez França e Itália de moto [outro, que me faz lembrar alguém, que também tinha/tem a paixão pelas motos…]. Enquanto fala, interrogo-me: não é nenhum cromo, não parece gay, é giro…mas por quê que se pôs à conversa comigo?! Digo-lhe que estou ali em trabalho, regresso em breve, que sinto saudades de casa…confidências a estranhos [que me interessa saber o seu nome ou dizer-lhe o meu?!]…Casa, diz-me, é onde nós estamos… Que temos que nos sentir bem em qualquer lugar…
A conversa está muito boa, mas tenho que ir, digo-lhe, enquanto guardo a revista e pago o jantar. Dentro de meia dúzia de horas tenho que estar a pé… A pintura?! Essa, hoje, está tapada com as meias, já não tirito de frio… Acompanha-me à porta, indica-me os amigos que estão ao balcão. Olho de relance e digo-lhe que adorei a conversa e agradeço-lhe a companhia.
Percorro o caminho inverso, já com mais calma, embrulhando-me no leve casaco que visto. Chego ao hotel, atiro-me sobre a cama. Abraço uma almofada, branca, como a Pipoquinha.
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Sorrio para o nada, apenas para mim…amanhã, a esta hora, estarei em casa…em casa.
(continua)
2 comentários:
Sim senhora! Para a próxima faço-me convidada... mas que aventura!
Eu também quero :):):)
Bjis
Ui, meto-me em cada "aperto", Maria Teresa...Venha, sim: por mim, é sempre um gosto "vê-la", Bjs
Nota: hei-de postar sobre outras "andanças"...algumas são de meter medo ao susto!
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