quarta-feira, 7 de julho de 2010

Até sempre, G.



Despedimo-nos hoje de G., para sempre.

A meio da tarde de ontem, a notícia mortificou: G. "partiu", resultante de um acidente de mota, na véspera. Pleno de saúde, ex-ginasta olímpico em Barcelona e muitas Missões [arriscadas] por esse Mundo fora, G. não sobreviveu aos ferimentos ocorridos na véspera.

Falei com G. há cerca de 3 semanas: de cães [quando G. iniciava as frases com "os meus meninos" nunca sabia se se referia aos cães...se aos filhos!], de em Fevereiro ter estado num evento em que estive para participar também, no Centro/Norte do país...."se soubesse que irias participar com os teus meninos, não teria hesitado em ir...", lamentei-me.

Dizer que G. é das pessoas mais excepcionais que conhecço parece-me pouco [e um cliché!]. Mas, de facto, G. é [quase] perfeito, G. é bom demais para este Mundo: excelente amigo, sempre afável, cortez e educado. Fantástico pai, excepcional marido, incapaz do menor desrespeito ao próximo. Filho dedicado e bom professor. Profissional incansável.

G. terá os seus defeitos, mas nunca lhos conheci.

G. é a única pessoa que me chama Telinha e que repetia frequentemente: "Fica comigo, fica comigo", quando o "sacudia", alegando, aos gritos, "Deixa-me, tenho imeeeeenso trabalho!"...

Vi-o pela última vez no jantar na noite de 23 de Dezembro último e, ao seu lado, o lugar vago esperava por mim, regressada directamente de Barcelona. Brincámos com a intensidade que só os bons amigos têm, a cumplicidade existente quando realmente "encaixamos" na personalidade de outra pessoa.

A meio da noite, perguntei-lhe se tinha vindo de carro ou de moto: "De carro, 'miga. Espatifei a mota...para não me espatifar a mim...", dando -me a entender que não havia condições para substituí-la. "Thanks God!", brandei aos Céus, "rai's partam as motas!"

Todos os momentos partilhados, todas as angústias vividas, todo o dia-a-dia de trabalho me passam num ápice, dirigindo-me a C., tocando-lhe timidamente num ombro. Digo-lhe quem sou e rompe num pranto, escondendo o rosto martirizado com as mãos: "Ele tem o seu número no telefone, mas não quis incomodá-la...". Apenas a abraço, num silêncioo sentido, retendo, a custo, as lágrimas que me escaldam os olhos desde que entrámos no Salão dos BV e nos deparámos com a foto de G., com farda de gala. Neste exacto momento, sentimos a verdade, nua e crua...era mesmo o nosso G.


Não há homenagem digna do Ser Humano que G. é, tudo parece insuficiente...

Como tal, e terminadas as últimas manifestações que se podem prestar na vida, recolhemos a uma esplanada, rodeando-nos de petiscos e imperiais.

...até sempre, G.!




4 comentários:

Pat disse...

E a saudade vai perdurar sempre no teu coração querida Tela :)

E ele será sempre unico e especial, inesquecivel e um amigo dificil de perder...

Comemoraste da melhor maneira :)

é sempre mau perder 'pessoas' , mesmo até as que não nos fazem diferença.

é sempre triste ver alguem partir.


Força querida.
beijinhooo*

Brown Eyes disse...

Tela a morte traz consigo uma dor profunda. É difícil supera-la principalmente quando não a esperamos. As motas têm o contra de ser o nosso corpo o pára-choques mas a sensação de liberdade que sentimos quando subimos numa faz esquecer o perigo. Linda homenagem. O G, onde estiver vai sorrir. Tela passa no meu blog tens lá um selo. Beijinhos

maria teresa disse...

Sei o que sente já vi amigos partirem assim ... de uma forma inesperada e estúpida!
Onde quer que ele esteja sabe que sempre lhe dedicou uma terna e sincera amizade.
Abracinho

Ana Alvarenga disse...

Minhas queridas, AGRADEÇO DE CORAÇÃO todo o carinho manifestado. MESMO! BEIJO ENOOOOORME!