Viro a cara às notícias deprimentes e/ou depressivas que nos chegam de todos os quadrantes.
Não sou inconsciente nem nada que o pareça, mas, às vezes, não dá… e folheio o jornal enquanto janto:
“ – Isto é que me interessa” – chuto para F., que rodopia à minha volta [parece-me que nenhum dos dois sabe o que ele faz, mas deixa pra lá…] – o Bruce envolveu-se com uma cachopa e o MARIDO TRAÍDO PEDE JUSTIÇA” (leio em voz alta).
E continuo, dedicada:
“- 'Perai, não é cachopa: tem 45 anos e é ama. Eu também “amo”, às vezes (o trocadilho só surte efeito na língua portuguesa…adoro a nossa língua!). Kakaka, conheceu-a num ginásio [público, subentende-se] em 2005 e abordou-a “para lhe dizer que tinha o melhor rabo de todo o ginásio (sic)”. Caramba, só a mim nunca ninguém me disse que tinha o melhor rabo do ginásio – está na altura de começar a frequentar um! E tenho que me despachar, a ver se consigo o mesmo feito heroíco antes dos 45…isso é que era…record para o Guiness” – troço tudo quanto posso.
F. suprime um sorriso, e eu avanço [sabe que se me dá corda, ninguém me segura!]: “É que estou mesmo a ver o Boss, num ginásio público, a dizer isso à moça…nada mais fácil de imaginar!” – troço. “Ah, o marido é corrector da Bolsa, agora entendo tudo…”
“- Conheces muitos?” – pergunta-me, divertido.
“ – O Pedro Caldeira conta?! – largo numa gargalhada – “não conheço nenhum, mas vi o Wall Street várias vezes… dá-me algum poder, não?” – as gargalhadas inundam o espaço. “Ah, e o Arthur, o marido “alega que a mulher chegou ao ponto de ir jantar com o músico enquanto ele se submetia a uma operação de coração aberto (sic). Que tem de mal?! A moça tinha que jantar, não? Lá por o marido estar a ser operado…ela não é cirugiã cardíaca…palavra d’honra, há gente muito pouco compreensiva: a moça tinha que comer, não? Isto é do melhor: Ann, a ama, agora “mais parece uma adolescente (sic)”. Pudera “tendo gasto rios de dinheiro em botox, implantes mamários e afins (sic)”. Ah, assim, não tem graça, assim já não brinco…e a achar que era o Amoooor!!!
“A Victória [Beckman] quer sexo 5 vezes ao dia (sic)” – leio em voz alta - “também eu queria, mas ela não faz nenhum, tem tempo para tudo… e o moço tem uma lesão no tornozelo…que não ajuda nada, está cheio de dores. Com a massa que têm, bem que podia arranjar um motorista, um guarda-costas, sei lá…”
“- Ou o jardineiro…” – acrescenta F., divertidíssimo.
“- Isso, alguém que fizesse por ele… A Spice é que sabe…parece o filme que vi ontem: depois de trabalhar o dia inteiro, tratar de tudo e mais alguma coisa, ainda esperam que estejamos apetitosas para os maridos…que já nos viram de todas as maneiras, com quem já vivemos tudo, já experimentámos tudo, há anos, bolas!…palavra d’honra, não tenho paciência."
“- Bem, vou fazer a mala: amanhã, por esta hora, io parlo italiano” – imito a pronúncia, articulando de boca aberta e levanto-me, contrariada – dá aqui um jeito, que depois venho arrumar melhor...A mala está sempre meia-feita, com os indispensáveis... e não são da Hoover... Se no fim de semana der chuva, se não for para a Vila…não faço nestuuummmm! Tenho uns dias de férias marcados para o último fim-de-semana de Maio: quando os marquei, no início de Fevereiro, tencionava passá-los na Ilha Canela: é pertito, é agradável, económico, tranquilo…”
“ – Vai, tira uns dias” – incentiva-me F.
“ – Já não sei: também há o Rock in Rio…logo vejo: o mais importante é chegar lá… com alguma sanidade!!!”
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3 comentários:
Adorei esta conversa a dois que tem um não sei quê de "kafquiano"...
Abracinho
Isso é que são notícias! Agora a crise, assaltos, mortes, chuvas ... não quero saber, deprime-me, não é igoísmo, é juízo. Boas férias.
Ai, Kafka! Acha-me burocrática, Maria Teresa?!?! :) Beijo Grande
Fartinha até à medula, Olga, venham as futilidades ;) Beijo Ah, foi em trabalho :(
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