segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Podia ficar caladinha…




…mas não me apetece.

Deparo-me com uma cidade que amanhece florida por cestos espalhados pelas ruas. Flores jazem, à espera de quem lhes pegue, que lhes peça que traduzam um amor - por vezes longe de ser sentido - que as palavras e os actos calam todos os dias. Gosto de flores, mas nos campos, nos canteiros, nos vasos, onde possam ser apreciadas por todos, muito raramente nas minhas jarras… Num desafio inconsciente, visto-me de rosa fúcsia, envolta nesta cor que tantos apreciam verem-me e que uso e abuso de Verão e Inverno, provocando, quem sabe, assim as forças da natureza e expressando este desejo da Primavera…

Mau seria se precisasse que um dia de calendário me lembrasse…de namorar. Namoro
muito, todos os dias, a toda a hora…e estes dias, de Felicidade com hora marcada…grrr!
 
Hora de almoço, cerco-me de jornais, a troça nasce eminente:
- Esta noite, faria o inter-rail pelos restaurantes mais chiques de Lisboa…para ‘apreciar’ o ar enfadado dos moços, exibindo o sorriso 34 até lhes doerem os maxilares, olhando discretamente para as mulheres dos outros, nas outros mesas, passando depois a olhar as paredes e o tecto e, por fim, nem os empregados escapam…tudo isto, enquanto que a mulher diante de cada um, papagueia sem parar sobre a vida da colega, a bainha da saia da vizinha, as penas espalhadas do periquito, o carro que faz ‘um barulhinho’ (“mas não te preocupes, não deve ser nada”), as artroses da mãe, a surdez do pai, a gripe do irmão e a permanente horrorosa da cunhada…tudo assim, temas interessantes e românticos, preenchidos de imensosssssssss detalhes - os risos à minha volta retêm-me.
- Os restaurantes esta noite estão todos cheios - afirma AG, convicta, enquanto se senta ao meu lado - se quiser, vamos, começamos pelo Eleven…
- O que é preciso é aparecerem, serem vistos - interrompe C. - nem que depois a louça ‘fale’ lá em casa!
- Nem vou tão longe - corto, abrupta - não quero ir tão longe. Podes não estás longe da verdade… o que me irrita mesmo, são as hipocrisias, o amor com hora marcada…e as tolas, que passaram a tarde a esticar as extensões - com esta chuva, vai dar um resultadão - de calças, blusas, blusões e botas, são todas iguaizinhas, nem sei como os homens as distinguem…o que lhes vale, é que eles 'cantam-lhes' sempre a mesma cantiga, e ainda há quem os ouça!
Cá por mim, vou aterrar no 'meu' spa...

Cínica, eu? Nem por isso…talvez só um bocadinho!
 
Prontus…aqui que ninguém me ouve…derreti-me a meio da manhã…porque Tu fazes-me bem!


1 comentário:

maria teresa disse...

Eu ouvia e gostei muito do que ouvi...Detesto que se marquem horas para se fazerem "coisas" que podem ser feitas em qualquer hora, qualquer dia, onde, como...
Abracinho meu cheio de saudades...