quarta-feira, 31 de julho de 2013

Deixa-me em casa


Rasgo a noite com as mãos, para que nos deixe passar.

Quero dançar nas vielas estreitas, roubar-te beijos em vãos de escada sombrios, trautear trechos de canções ... as tuas... Brel, Piaff, Aznavour, com acentuado sotaque, até explodires de riso.
Dar-te o braço, encostada ao teu ombro, oferecendo-te um sorriso rasgado na noite escura "ne me quitte pas", em tom trágico-exagerado:

"És perfeita nas tuas imperfeições".

Tocas ao de leve a fila de dentes irregulares, antevendo 'aquela' gargalhada cristalina - aquela que faz os olhos brilharem no escuro, como dois pirilampos reluzentes e traquinas.
E a noite envolve-nos no seu manto de veludo negro, decorado a diamantes.
(...)
Deixa-me em casa, ao amanhecer.

Sem comentários: