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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

(Des)comportamento



Foto não retirada da internet
Se é necessário estar a 1.200 km de casa para ter “dez tostões” de tempo para escrever umas linhas, ainda que parvas, parece-me, no mínimo, patético
Mas, há um mês, estava a meio das férias grandes…Estava num lugar diferente do habitual - aquele fim de semana foi “recheado” de emoções, boas e más, como é apanágio da vida.
O reverso da medalha é a rentrée apresentar-se, como direi? Maravilhosa, parece-me bem! Se a primeira semana de Setembro foi o reencontro com “a tropa de elite”, o ressacar - sem stresses pós-férias, porque não há tempo para isso! - esta semana começou no domingo à noite, com o regresso daqueles que (ainda!) estavam de férias: motivados, com vontade de ler, de escrever, com projectos…a segunda, que começou bem cedo, antes das 9 h recebia informações maravilhosas, de bem-estar e recomeços (nada como uma excelente segunda-feira para culminar um maravilhoso fim de semana, pode fazer toda a diferença), na terça foi um “volto num instantinho”…
Se fiz a catarse? Interrogo-me, ouvindo as vozes e risadas dos colegas no bar ao pé da piscina, através da janela aberta do quarto…Não, na realidade, não totalmente, admitamos - talvez um mês não seja suficiente… Mas o espelho devolve-me a imagem de uma mulher de bem com a vida, com um olhar brilhante, iluminado por um sorriso, onde pairam sonhos, ilusões e, porque não, alguns medos - o medo, à semelhança da dor, é nosso amigo: alerta-nos para eventuais ‘terrenos minados’, obriga-nos a parar para pensar, para ouvir o silêncio da voz interior.
Deixo espaço livre, de terreno bom e fertilizado, neste jardim em reconstrução …Apesar do calor ( é, sobretudo, esta humidade “acaba” comigo), sentimos que o Outono se aproxima. Insisto que Primavera pode ser em qualquer mês, comprovo-o através das plantas e das flores que já despontam.
Há espaço de sobra, inclusive para aquelas que, à força, têm vontade de renascer das cinzas…no fundo, o importante é saber ser feliz!

Até já! Volto num instantinho...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Trajectos




Eis o Destino que me aguarda em breve.
Depois de exploradas as diversas opções, o não-consenso ganhou.
 
Se eu não voltar, é porque ando às voltas no "Eixo Norte-Sul" madrileno ;)


(...)
12.Incorpórate a A6 Entrando en España                                                                                    9,9 km
13.Continúa por A-5.                                                                                                                 370 km
14.Toma la salida 35 para incorporarte a R-5 en dirección Móstoles/Madrid Carretera parcialmente con peajes                                                                                                                                      31,8 km
15.Incorpórate a Autopista M-40                                                                                                   1,1 km
16.Toma la salida 25A hacia Plaza Fernández Ladreda/M-30                                                          350 m
17.Incorpórate a A-4                                                                                                                   23,8 km
18.Continúa por Paseo de Sta María de la Cabeza.                                                                       950 m
19.En Glorieta de Sta María de la Cabeza, toma la tercera salida hacia Calle de Embajadores          600 m
20.En Glorieta de Embajadores, toma la tercera salida hacia Ronda de Toledo                                 850 m
21.En la rotonda, toma la segunda salida en dirección Gran Vía de San Francisco                          500 m
22.En la rotonda, toma la tercera salida en dirección Plaza de San Francisco                                   75 m
23.Continúa por Calle de Bailén.                                                                                                    500 m
24.En la bifurcación, mantente a la izquierda                                                                                   230 m
25.Toma la salida                                                                                                                           15 m
26.Gira a la derecha. El destino está a la izquierda.                                                                         150 m
Fonte: Google Maps

Para estas 'encruzilhadas' existem mapas, rotas, planos; mas como encontrar "uma saída airosa" para os labirintos que defrontamos?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Acompanhas-me?




... só me apetece embarcar no Expresso do Oriente, perder-me pelas capitais europeias... e esquecer-me de tudo!

Acompanhas-me?


domingo, 18 de abril de 2010

E quando chego...




…abro a porta num ápice. Quero certificar-me, quero abraçar a miudagem, quero, quero, quero.

No escuro, a Mariazinha torce o pescoço para me ver: “Ah, já chegaste?”, a Maria olha-me muito séria. Ambas se dirigem a mim, espreguiçando-se. A Pipoquinha faz-me uma festa, mas idêntica à que faz todas as noites quando regresso, nada de especial. Afago-a, pego nas Marias ao colo, abraçando-as. Estão mais interessadas em dar-me marradinhas e a cheirarem-me…Soltou-as e pego no João, que, entretanto, surgiu dos armários onde reside. Não sentiram a minha falta e isso inunda-me de alegria!!! Só eu morri de saudades deles… A Pipoquinha cumprimenta o dono, que transporta a minha mala e um saco de plástico:

“- São da minha frutaria. Estes não encontras no super-mercado. Olha como cheiram bem …" - exibe morangos maravilhosos, são os meus mimos.
“- Tens uma frutaria?” – enfatizo, troçando – “Pensava que a única latifundiária era eu…” – ironizo, não desperdiçando a oportunidade de brincar com F., que faz constante troça dos meus FarmVille. E continuo: “trago quilos de pasta agarrados aqui” – enfatizo, batendo num quadril – “mas umas centenas de euros mais leve com as compras que fiz” – relembro secretamente as bijutarias dentro da mala, que não são Tous, mas dão-me a mesma alegria [ou quase, pronto!] – “portanto, durante um mês só vou comer maças…” – informo, determinada, mas , contradigo-me , e retiro um morango do saco, passo por água e trinco-o até ao pezinho verde. "Hum, delicioso!"
F. sabe que não resisto a morangos e procurou os melhores. Faz-me sentir em casa!
“ – O que me vale é que andei a pé tudo quanto podia, para manter as pernas rijas e galderar o mais possível” – sopro, com ressonância de lábios, como uma búfala – “e com esta porcaria dos líquidos, sem os meus cremes, venho desidratada do ar condicionado, mesmo bebendo litros de água” – refilo o habitual, F. já nem liga, enquanto arranja os morangos. “Estou uma uva-passa, mas ainda sou Aquela Máquina” – exprimo um sorriso vitorioso e malandro, numa leve alusão ao slogan [antiiiigo!] da Regisconta [ou seria da Xerox?! Who care’s?].

F. interrompe o que faz e leva a Pipoquinha à rua, enquanto retiro a roupa para lavar da mala [os “indispensáveis” mantêm-se, em breve irão passear de novo]: a camisa marfim tem uma irmã, em branco, alva, da cor da Paz. Usei-a pela última vez em Janeiro, num dia preenchido de traquinices, uma semana antes do frio polar assolar Lisboa. Não consegui voltar a vesti-la, traz-me demasiadas lembranças. Tal como o twin-set que usei há 6 anos, numa manhã de Quinta-feira Santa…e não voltei a usar.

“A gente não esquece quando quer, esquece quando pode” ouvi dizer.

Mas não são horas de filosofias baratas, nem de lembranças dolorosas, decido, convicta.

Estou de volta, não há vulcão que me detenha [tive muita sorte, acho eu!], estou de volta à minha casa, à miudagem. Sou, de novo, eu. E estou feliz!

sábado, 9 de janeiro de 2010

I wish…



Na última viagem que efectuei a Barcelona, há cerca de 3 semanas, esta música (*) acompanhou-me, amortizando o som das hélices e a “tareia” que o temporal dava no avião, como se de uma simples casca de noz se tratasse.

Apesar disso, mantive-me toda a viagem de olhos fechados e sorriso estampando; sentia-me reconfortada e muito feliz. Ouvi-a vezes sem fim [acho que foi aqui que “pifei” o MP4 – outro “sinal” que, na altura, desdenhei…]. Acima das nuvens, eu sonhava…noite escura, mesmo perante a hipótese de cancelamento momentos antes, devido às condições atmosféricas, acho que, a bordo, eu seria a única pessoa que sonhava… Sonhava com "Baby can I hold you tonight"... mesmo a 1.500 km de distância.

Esta madrugada, voltei a ouvi-la, novamente, vezes sem conta. Continua a ser das minhas favoritas [kitch?! Pois serei…] Apesar de, hoje e à luz do dia, essa noite de Dezembro me parecer, agora, tão distante e irreal.

…talvez gostasse de dar Voz à Ira, à Revolta, à Frustração e gritar bem alto:

- “És um verme! Apenas e só, um reles verme que destrói, mente e mata covardemente. Que essa tua cobardia não te permita ter um único instante de paz, na longa vida que te desejo: longos anos de arrependimento e auto-punição, em que a minha imagem te persiga, os meus beijos te arrepiem e os meus sussurros te enlouqueçam… em todos os teus instantes, de dia e de noite! Que sintas esta desilusão, que lágrimas de sangue te asfixiem, até o teu coração implorar pelo suicídio, que te será negado, porque apenas os corajosos a ele têm direito…mas que continues a respirar, com este sofrimento duplicado, triplicado e elevado a um milhão. Que não te sintas digno de viver e te desprezes, qual verme, todos os dias da tua longa vida!”

Mas eu não sou assim [seria demasiado fácil…], não quero ter estes sentimentos destrutivos, de “carregar com batatas podres” às minhas costas… eu quero (e posso!) ser uma pessoa melhor e mais feliz, todos os dias.
Sem mágoas, sem ressentimentos.


A auto-punição é minha, a culpa é apenas minha. Permiti, acreditei, confiei.
E enquanto me sentir “culpada”, peço desculpas a mim própria, a toda a hora, pela dor que me auto-infligi. E “mimo-me” com tudo o que está ao meu alcance [porque eu mereço!], na esperança de obter o perdão para mim mesma. Fui "apanhada nas curvas" e não o devia ter permitido...Shame on me!


Nunca há nada a perdoar a quem nos maltrata, a responsabilidade é apenas [e sempre exclusiva!] nossa: as pessoas magoam-nos porque permitimos. Ponto final.

“Quem ama não mata”.

…* este momento foi só meu…não o partilhei nem sequer contigo [“words don’t come easily”] … Tal como não partilhei contigo tantas outras coisas…[ainda bem!], ficarão, para sempre, só comigo…

I wish…I wish...

“I wish you were here”…

Qualquer semelhança com a realidade...é pura ficção!


domingo, 27 de dezembro de 2009

Dia III – 11/11/09






(conclusión)

Inicio a última jornada após uma noite mal-passada. Despertador: 6:15 h, há-que fazer check-out do hotel. A manhã desponta enevoada, como eu. Engulo 1 ibuprofeno, saio para a rua fria, ao encontro de mais um dia intenso. A rua em obras (Barcelona é uma cidade com obras eternas…), muito trânsito, atravesso a rua, aguardo um táxi. Aos meus pés, desequilibra-se uma senhora mayor, atiro com tudo para o chão, deito-lhe as mãos às mangas do casaco. A senhora é pesada e nem eu consigo evitar que os joelhos lhe falhem, seguro-a o melhor que posso [tento evitar o pior, ie, que bata com a cara no cimento], ela trepa por mim acima, balbuciando: “Ai, chica”. Amparo-a ao meu corpo, pergunto-me se está bem, se teve alguma tontura…responde-me com acenos e queixa-se dos joelhos, tem as calças pretas manchadas de pó cimento/branco. Um polícia municipal encaminha-se para nós, “entrego-lhe” a senhora, certificando-me, insistentemente, que cuidará dela [é que por lá não é como por cá…acidentes por modo de obras…ai, ai o Ayuntamiento, ai, ai…]. Viro-me, para recolher “os meus pertences”: maravilha, pó de cimento/branco…em toda a minha roupa preta. “Estás liiinda! Haja saúde!”, sacudo o melhor que posso e adelante…

Chego à empresa em cima da hora, subo a correr 3 andares [eu, a mala-assoalhada e a maleta…], retomo o meu lugar dos últimos dias. Mas hoje, deixo escorrer um sorriso maroto, de cada vez que olho para a maleta, que dorme sossegada num canto…esperando a hora de, juntas, regressarmos a casa.
Alguns rostos amigos que vão chegando dão-me confiança e “a cumplicidade dos que sofrem” – a expressão é minha, nos nossos desabafos -, dormi mal, estou um pouco fragilizada. A força que sentia ontem, hoje faz-se sentir muito, muito subtil. “Mas isto já vai aquecer!”, animo-me. Da mesma forma, vejo alguns rostos de semblante fechado [analiso-os, detalho-os discretamente, afinal, “eu leio rostos”…e tiro as minhas conclusões!]. Intervalo ao fim de 1 ½ h, contra a minha vontade: “Avancemos, avancemos!”, mas não tenho sorte nenhuma, está tudo muito, muito cansado …(Mal)conformada, desço as escadas a correr, rumo à rua, para apanhar ar e fumar um (ou mais) cigarro(s).

Vejo uma senhora-jovem que empurra um carrinho de bebé, acompanhada de “uma” Pipoquinha…é quase igual à minha, totalmente branca, com as malhas pretas na barriga cor-de-rosa. Não resisto [não quero resistir…], aproximo-me e digo-lhe que tenho que lhe fazer festas, porque tenho uma [quase] igual e estou cheia de saudades…a senhora sorri (deve achar que sou louca, mas inofensiva, é o costume!), a canita não percebe nada [só deve perceber catalão…] e afago-a à minha vontade. Mostro à senhora a foto da minha Pipoquinha no screen do telemóvel, repetindo: “É quase igual à sua…”. Prosseguem os três e eu fico, fico só, de repente, na rua movimentada, a vê-las afastar, com a minha saudade. Esta é a verdadeira solidão…

A manhã prossegue, meu chefe bombardeia-me com sms’s [iguais às dos outros dias], se estou bem, se está tudo a correr bem…almoço rápido com colegas no comedouro [muita gente, muito barulho], mas tomamos café fora dali, num espaço aconchegante: 7 raparigas a carpirem as suas “mágoas”, misturando interesses: o trabalho, os filhos, os cães, os namorados…São muitos, muitos anos…de partilhas e desabafos!
A agenda da tarde é apertada, quero cumprir com rigor, para não me atrasar na saída para o aeroporto, mal me contenho de ansiedade [só quero “beijar a Portela!”] … Despeço-me de alguns colegas, naturalmente até ao fim do ano, se não for antes… A tarde é “mastigada” com assuntos de pouco interesse, monótona mesmo [ou serei eu, quiçá!].

“Sem querer”, saio mais cedo que o necessário, já não suporto mais…Em ½ h estou no aeroporto, faltam quase 2 h, quero lá saber: check-in [“agora, já não parte sem mim”, penso], dirijo-me ao Controlo: a funcionária é portuguesa, sorri-me perante o meu BI, retribuo com tanta a sinceridade. O colega atira-me com o costume: “tens dvd, portátil, cinto…?”, “Nada, só tenho vontade de chegar a casa”, “tira o casaco, a jaqueta…”, obedeço e digo à conterrânea: “ Se me mandam tirar a camisa, aviso já que não tenho nada por baixo…”, ela sorri-me, ninguém percebeu. Ele olha-me para os pés (não, não viajo com botas) e manda-me avançar. “Até qu’enfim!”, resmungo com os meus botões. Recolhida a tralha dos tabuleiros, passeio-me, passando por tantos: uns que partem, outros que regressam, imagino as suas vidas, faço filmes…

Não tenho vontade de compras (fica para a próxima…ou não!), quero ver as mágicas siglas: TAP. Aguardo na porta de embarque, ouço música, ligo à minha mãe, preciso ouvi-la, sinto saudades (o tempo está bom em Lisboa, 17º, não haverá atrasos, blábláblá…) e observo, como sempre, as pessoas. Desperto atenção em algumas, é o normal, mais do mesmo…

Embarque, sorrio de satisfação ao pessoal TAP; atraso na descolagem: um passageiro fez o check-in, mas não compareceu à porta de embarque. Por questões de segurança, a sua bagagem tem que ser encontrada no porão e retirada do avião. “Raios partam”, resmungo: além do atraso, agora vamos todos a pensar que pode ir uma bomba a fazer-nos companhia…o sr. Cmdt. não podia mentir, sff, e alegar qualquer coisita mais soft, não? Todos muito tranquilos, só eu devo ter escutado a explicação, é o que faz estar sempre alerta…o tempo passa, leva-nos uma hora que se reflectirá na chegada, e eu só penso em abraçar os amores da minha vida… a música acompanha-me, faz-me esquecer o troglodita ao meu lado: mal-educado, brutamontes, mal encarado…um horror!

Tenho pressa em sair, muita pressa mal contida, corro na manga, percorro o aeroporto e eis-me na rua…Beijo a Portela, beijo Lisboa, inspiro o “nosso” ar, com muita satisfação e um grande sorriso. Num instante, estou na minha rua, entro a correr, subo a escada a correr [quem tem paciência para esperar por elevadores?!] e entro em casa: o momento mágico acontece, a minha miudagem toda de volta de mim. Respiro de alívio e de emoção: eis-me no meu mundo. A maleta atirada a um canto, afago-os, matando as saudades, tantas saudades…Levo a Pipoquinha à rua, que brinca de satisfação, afago suavemente o capot do meu carro (ia jurar que mexe os olhinhos…tal como o “outro”), olho em redor: o jardim, os prédios, os carros, está tudo igual, mas para mim, mais belo que nunca…E sorrio à noite fresca.

…da maleta, só me interessa o saco de roupa para lavar, o resto tem tempo. Ocupo-me com trivialidades (quais quê, trivialidades? Em matar saudades dos amores da minha vida…), esperando que F. chegue, esquecendo a hora a que me levantei e que faltam também poucas para voltar a levantar.
Enquanto espero, acrescento ao meu bloquinho estas linhas; decerto que as minhas passagens por terras da Catalunha são diferentes da maioria das outras pessoas…

Nota: entretanto, já lá voltei esta semana…mas a narrativa fica para outro dia!

domingo, 22 de novembro de 2009

Dia II – 10/11/09

(a continuación…)

Ui, que manhã tão, tão…madrugadeira! Não posso crer: olho para o telefone, “isto não são horas pra ninguém…”, resmunguei com os meus botões. “Bem, não há tempo a perder…” Antes de sair do quarto, olho-me uma última vez no espelho: “Gosto do que vejo, vamos lá dar cabo deles…”. Na rua [em obras, claro está], apanho um táxi [está gelo!], que me deixa 15 minutos depois à porta da empresa. Fecho a porta, respiro fundo, endireito as costas. Olho à minha volta: no lado oposto, mesmo à minha frente 2 big-big-big-borders (um Director-Geral-Geral-Geral-Geral-Geral e um Director Internacional de uma grande área). “Pelo amor da Santa…só comigo!”, ouvem os meus botões. Cruzo-me com ambos a meio da passadeira, cumprimentando-os com o meu melhor sorriso e o menos graduado cumprimenta-me, tratando-me pelo nome. Acho que foi coincidência…o meu ego não enche à primeira…

O dia decorreu dentro do esperado, almocei com todos os colegas de departamento da minha área, e terminou tarde e a más horas. Mal me vejo na rua, decido que direcção tomar, preciso de caminhar, mas as ruas estão (já? ainda? quase desertas. Tento seguir um caminho rectilíneo, mas as obras pouco me ajudam neste projecto. Apanho um táxi, rumo ao hotel.
No hall, ouço na tv espanhola [é muito engraçada: em time-prime, projecta-nos Hércules, Smallville, depois de um noticiário enfadonho], o nosso SN (Carlos Queirós) pronunciar-se sobre…não interessa nada.

Subo as escadas só para ver se o quarto está gelado. Ligo o ar condicionado e desço. Espreito o hall, porque ouço “Take my breath away" (para quem não sabe era a música do Top Gun, interpretada por uns tais Berlin…que nunca ninguém soube muito bem quem eram), com imagens de um Tom Cruise imberbe e reporta-me, por instantes, aos meus 18 anos…


Afasto-me rapidamente [ou fugo das recordações?!], em direcção a la calle. Após uma jornada de 12 horas fechada, quero expandir os horizontes, sinto necessidade de esticar as pernas, de apanhar o ar fresco (ou será gélido?!), que me corta o pescoço, mas não o suficiente para me desanimar. Estou na cidade. Incógnita. Podia combinar um jantar com um(a) amigo(a), ou com colegas, mas não me apetece [mais] conversar em espanhol. Tenho a cabeça cheia de sons, em 4 línguas, todo o chilrear humano que ouvi durante todo o dia.


Quero descomprimir. Perco-me nas ruas planas da Diagonal, passo os olhos pelas lojas, mas hoje não me detenho em nenhuma. Entro num sítio qualquer, como bocadillos (que é como quem diz “uma sandocha”), com sumo de laranja natural; não combina, não faz mal. Vou a meio, entretida entre folhear uma revista e observar quem passa lá fora e dou conta de um vulto que se aproxima. Pior, senta-se na minha mesa, com naturalidade e sorri: “!Holá!”. Hum, faço um sorriso de circunstância, “Meu-Deus-Ajuda-me, quem é este?, deve ser um colega qualquer, alguém que me conhece e eu não faço puto ideia, Ajuda-me-por-favor…” Não me dou por desarmada e sorrio, também, com naturalidade, “Que-os-Deuses-me-ajudem”, apelo à minha memória…um tontinho não será, estou num sítio público, cheio de gente, não há problema, “Mas-quem-será-esta-anta?!”, apelo à minha memória, que escolheu muito mal o momento de estar off…


O estranho-desconhecido-criatura-qualquer-coisa pergunta-me pela perna. A MINHA PERNA?! Estou estarrecida e saltam-me pontos de interrogação de todos os poros…Mantenho o sorrisinho de tonta, ganhando tempo, “Que-faço-agora?!”, e o rapaz [finalmente, estou prestes a ter uma apoplexia…] esclarece-me: estava na loja onde pintei a perna, ontem. Que me viu escolher o desenho, que me viu sair com a pintura…Fala desalmadamente, mas é engraçado. Interrompo-o, pergunto-lhe de onde é [pelo seu espanhol cantante, não é daqui perto…]. É da Colômbia! “Da Colômbia?!” – repito, para mim mesma, associando, de imediato, a economia colombiana assente na papoila… “Como?! É alto, bem constituído, louro de olhos azuis…” Não devo ter escondido o meu espanto e o rapaz lá continuou: que vive e trabalha em Barcelona, vai uma vez por ano à Colômbia, são 10 horas de avião e as passagens são caras…Que os catalães têm a mania que são os melhores do Mundo [nestas andanças, eu já lhe tinha dito que era de Lisboa…né?], o trânsito, os carros…teve um acidente de moto, esteve 2 meses em casa: pesava 105 kg e, com a recuperação, perdeu 15. Falo-lhe de Lisboa, de F., da Pipoquinha e dos gatinhos, que gosto de andar a pé. Diz-me que anda 2 kms por dia, que os carros nas cidades deviam ser limitados. Que fez França e Itália de moto [outro, que me faz lembrar alguém, que também tinha/tem a paixão pelas motos…]. Enquanto fala, interrogo-me: não é nenhum cromo, não parece gay, é giro…mas por quê que se pôs à conversa comigo?! Digo-lhe que estou ali em trabalho, regresso em breve, que sinto saudades de casa…confidências a estranhos [que me interessa saber o seu nome ou dizer-lhe o meu?!]…Casa, diz-me, é onde nós estamos… Que temos que nos sentir bem em qualquer lugar…


A conversa está muito boa, mas tenho que ir, digo-lhe, enquanto guardo a revista e pago o jantar. Dentro de meia dúzia de horas tenho que estar a pé… A pintura?! Essa, hoje, está tapada com as meias, já não tirito de frio… Acompanha-me à porta, indica-me os amigos que estão ao balcão. Olho de relance e digo-lhe que adorei a conversa e agradeço-lhe a companhia.


Percorro o caminho inverso, já com mais calma, embrulhando-me no leve casaco que visto. Chego ao hotel, atiro-me sobre a cama. Abraço uma almofada, branca, como a Pipoquinha.


Sorrio para o nada, apenas para mim…amanhã, a esta hora, estarei em casa…em casa.

(continua)


sábado, 14 de novembro de 2009

Dia I – Barcelona





Como prometido, eis os meus pensamentos, a 1.200 km de casa:


Em dia de capicua [mais uma na encruzilhada da minha vida], deixo Lisboa, com os olhos postos na 2ª Circular, que me conduziria a casa, e no sol, que espreita pelas nuvens para onde me dirijo.



Preencho a viagem com o MP4 quase ao máximo e revistas cor-de-rosinha, para não ouvir a algazarra dos passageiros e as instruções de voo do Cmdt. Ignoro o idiota-canastrão que me observa, ao meu lado, toda a viagem – mais do mesmo: faz-lhe “confusão” uma mulher viajar sozinha, sou a única neste voo TAP, felizmente não-cheio, que permite um lugar higiénico entre o idiota-canastrão e moi.



[Ainda no aeroporto, já na porta de embarque, reflicto: o “nosso” pessoal do aeroporto é mesmo porreiraço; na fila de Controlo, cerca de 200 pessoas, a fila começa muito antes do serpenteado verde, as pessoas coladas umas às outras – ignorando todas as normas de segurança da Pandemónia – falam, sobretudo ao telefone (muito as pessoas têm para dizer umas às outras, só eu nada tenho de interessante, acho, para comunicar ao mundo…- . O Controlador de massas, após 4 ou 5 vezes de me ver de olhos nele pregados, manda-me avançar. Coloco os meus haveres nos cestos, respondo às perguntas da praxe: “Tem líquidos?”, “Tem computador?” e passo à “Apalpadeira”: a jovem é ligeiramente mais alta que eu e fixo o olhar algures entre a sua testa, enquanto as suas mãos me percorrem o corpo, com gestos mecânicos. Quando as sinto nos tornozelos, pergunto-lhe, sem me mexer, se quer que me descalce, responde-me que não e deseja-me boa viagem – são ou não são uns porreiraços?].

Desembarco. Sorrio, já cheia de saudades do pessoal TAP e despisto o idiota-canastrão, entrando na Desigual. Dou uma volta e já com uma blusa na mão, do meu número, prestes a comprá-la, sou interrompida pelo funcionário da loja. Pergunta-me se quero o meu número (?!), respondo que não e pouso o cabide, saindo apressada da loja. Odeio que me interrompam [já sei que só estava a fazer o seu trabalho, mas mesmo assim…]. Não teve que ser, talvez no regresso…



No táxi-point, fumo 1 cigarro enquanto ligo à minha mãe [quer sempre ouvir a minha voz, nada de sms, pois claro!], envio sms a F. e um espanhol – este é giraço!! –pede-me um cigarro [que chatice, bolas! Eu, mala-assoalhada, maleta, telefone e cigarro é muita coisa junta!]. Perante o meu olhar entre o fulminante e o apático e incomodativamente fixado nele, desanda. A táctica da “tontinha” resulta sempre. Encontro-me vestida de negro integral, com acessórios turquesas [um visual um poco raro para Espanha], o ar de 15º fere-me as pernas desnudadas. Sei que é Novembro, mas sai de Lisboa com 20º, ok?



É, há muito,noite cerrada e dirijo-me então à fila dos táxis, uma rapariga indica-me qual o meu, agradeço-lhe e devolve-me o sorriso. Mais uma que pensará, decerto, que sou andaluza, como todos por cá. Ela também é morenita, apesar de 15 cm mais baixa, não me parece catalã.

Isto é o que Barcelona tem de mais fascinante: absolutamente multi-racial, tipo NY, ninguém olha para ninguém, acredito que possa sair nua para a rua que ninguém liga, ninguém dá conta. É uma cidade completamente livre de preconceitos.

O táxi corta a cidade. Barcelona à noite. Através da janela do carro em andamento. Observo, sobretudo as alterações. Vive em constante obra [que ninguém se queixe das obras em Lisboa], ruas cortadas daqui, abertas dali.

Faço check-in no Hotel num instante, deixo a mala no quarto. Desço pela escada, necessito de exercício, saio, dou 2 passos, viro a esquina e estou na Gran Via. Percorro-a calmamente, sorrio a duas idosas e afago o seu cão, grande e negro e sussurro-lhe a uma orelha: “Tengo una perrita, toda blanca…”. Sigo o meu caminho, que não é nenhum, páro na montra de uma florista, maravilhosa. Admiro-a por alguns segundos. Sinto fome e frio nos pés. Entro numa esplanada envidraçada. Olho o menu: “Meu Deus! Que se lixe: quero 1 pizza [super-hiper-calórica-Valha-me-Deus] e um sumo laranja natural” (cada artigo vale 6 Eur): a pizza dava para 3, fico enfartada, logo eu, uma verdadeira trituradora! O sumo está magnífico [enviam para Portugal as laranjas amargas, agora estou certa!], observo as pessoas que passam, entre cada garfada. Terminado, faço-me novamente ao caminho, agora para triturar a [maldita] pizza.
Detenho-me numa tienda de aspecto muito cool, muito trendy: pinturas com henna. Num impulso, entro, quero uma na perna. Escolho o desenho, imóbil, quase tirito de frio. Pessoas simpáticas, sorridentes, que me olham directamente nos olhos. Deixo lá 20 Eur, saio feliz.
Faço o caminho inverso, já é tarde [para mim, não para Barcelona, mas reuniões marcadas às 8:30 h significam 7:30 h pela “nossa” hora e, nessa altura, os meus neurónios recusam-se a qualquer reacção que não seja mecânica]. Regresso ao Hotel, entro no quarto, nem sinto os pés [estou sem meias, ‘tá bem?]: mergulho-os em água quente para “descongelarem” – não posso molhar ainda a perna pintada -, massajo-os com creme, acho que vou dormir de robe vestido, “Quem me mandou trazer uma camisa-de-noite de alcinhas?”, martirizo-me. O ar condicionado não responde [ainda] às minhas exigências. Atiro-me sobre a cama, a televisão espanhola é bem pior que a nossa, acerto o despertador do telemóvel para uma hora que até assusta…quero tomar o pequeno-almoço com calma, pôr-me linda e maravilhosa e inteligente [já agora, dava jeito!] para o dia que se avizinha. Vejo as horas: a esta hora, estaria no meu sofá, com as minhas crianças ao colo, todos quentinhos e bem aconchegadinhos…Em breve, F. chegaria e estaríamos todos juntos…e eu não sentiria frio.

(continua)


domingo, 8 de novembro de 2009

Vou ali a Barcelona...





...e já volto!





Ao anoitecer, percorrer tranquilamente as Ramblas, respirar fundo, espreitar as novidades na Desigual, comprar frutas no Mercado. Ver gente bonita. Pessoas bonitas, com cães e afagá-los, e sorrir-lhes...e em pensamento, afagar a minha Pipoquinha.





Jantar numa esplanada e olhar o Céu...porque o Céu é o mesmo em todo o lado.

Até ao meu [breve] regresso.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ecoturismo em território do Lobo (Gerês)





Se gostam de apreciar uma natureza verdadeiramente intocada, percorrer carvalhais antigos e deliciar-se com os diferentes sons que deles emanam, admirar o silêncio da montanha e o contraste com a força estrondosa das quedas de água de um rio de montanha, este é o programa ideal para um fim -de -semana em contacto com a natureza.

“Nas Margens de um Rio Selvagem” irá proporcionar dois dias de verdadeiro contacto com o mundo natural da Serra da Peneda, num ambiente calmo e preservado.
Caminhos antigos que nos conduzem a bosques escondidos dos olhares do homem. Paisagens graníticas esculpidas pelo tempo. Pequenas aldeias de montanha encaixadas em vales verdejantes. Pontes romanas e românicas em plena harmonia com a paisagem. Ribeiros e regatos que sulcam a montanha.
Trilhos ladeados de Carvalhos e Bétulas que acompanham a margem do rio e assistem ao percurso das suas águas cristalinas. Água, muita água que jorra pelas encostas da serra e se debate no leito de um rio de montanha. Falésias por onde o rio se precipita num manto de espuma branca, formando cascatas que desaguam em poços de água cristalina. Água que corre sem controlo mas que nos vai indicar o caminho a seguir até ao final desta actividade em território do Lobo.

http://www.ecotura.com/


Para um fim-de-semana diferente, em contacto com a Natureza, a nossa Grande-Amiga, que nem sempre respeitamos e amamos como merece...



domingo, 26 de abril de 2009

Orgulho-me

Tenho a honra e o privilégio de conhecer pessoas maravilhosas. Entre elas, as minhas amigas . Todas GRANDES MULHERES. Por vários factores: pela maneira de encararem o mundo (e de o tornarem mais belo), pelos seus valores, pela dedicação, pela doçura, pela honestidade e dignidade com que enfrentam a vida.
No meu coração, são todas um ser sublime, não perfeito (quem quer a perfeição?!), mas humano.
E ontem soube que tinha a Fã nº 1 (como a própria se intitula) deste pequeno testemunho, de partilhas e desabafos: Alex.
É uma força da natureza, uma pessoa que me faz bem, que me faz melhorar, pela sua conduta, pela sua tenacidade.
Com um emprego ainda mais absorvente que o meu, ainda consegue passar por aqui e, diz-me, divertir-se! Haverá melhor elogio que este?!
A fazer serões desgastantes e inglórios, “mãe não-biológica” de alguns seres de 4 patas (tal como eu), atendendo sempre à família e aos amigos, de uma forma única e verdadeiro exemplo de dedicação ao próximo, Alex é extraordinária
Nem sempre a família a compreende e ajuda e, até nisso, é fantástica: consegue impor-se, com firmeza, a maior parte das vezes, sem magoar.

Queria arrastá-la, para que descansasse, para a Ilha de Chipre, talvez…
Mulheres extraordinárias merecem lugares extraordinários. O melhor que lhes arranjo é o meu coração.

Alex hoje deve andar pelos Dias da Música, no CCB...