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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Coisas que (ainda) importam



O mail que tem circulado pelos circuitos habituais não deixa ninguém indiferente: ALA é assim - um tudo ou nada, um 8 ou 80...ou se gosta …ou (óbvio!) não se gosta.

Do que me é dado a conhecer e não conhecendo ALA pessoalmente (com grande pena minha, devo acrescentar), tem fases… não as dele, mas as nossas: tem tudo a ver com a nossa maturidade interior (que nada alia à idade), com o momento de maior ou menor reflexão.


É nesse âmbito - da reflexão -, que o deixo aqui manifesto:


António Lobo Antunes

 

«Nação valente e imortal»
 
Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida. Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento. Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos. Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.

Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade. O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles. Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão. O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal. Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito. Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver

- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro

- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima

- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia-miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.

As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.

Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!

Loureiro para o Panteão já!

Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!

Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.

Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.

Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito. Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca-vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis. Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair. Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar. Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho. Agradeçam a Linha Branca. Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar. Abaixo o Bem-Estar.

Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.

Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos. Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender, o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa. Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.

Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar? O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.


in Revista Visão - 05.04.2012

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O barómetro da Felicidade




Sem querer, sem ser por estas palavras, defendo-o acerrimamente:
“(…) a felicidade decresce até à meia-idade (46 anos é o fundo do poço), a partir dai cresce consideravelmente. Segundo explica um artigo da revista The Economist - The U-bend of life (…) - é exactamente quando se começa a perder a vitalidade, a acuidade mental e a ganhar rugas que a felicidade aumenta. Explicação: (as pessoas) já viveram o suficiente para saber o que realmente vale a pena, estão menos zangados com o mundo, mais tolerantes, já se aceitam como são, controlam as emoções, conformam-se com as fatalidades e resolvem mais rapidamente os conflitos. Acima de tudo, a morte de muita gente querida dá-lhes a noção que a passagem pela Terra tem um prazo e que, por isso, há que aproveitá-la bem.” (Isabel Stillwell)

É esta definição, é este o conceito que, muitas vezes, quero passar, quero interiorizar também. Relativizar é a palavra de ordem (para mim, sobretudo: aprender a sacudir…)

Para quem está de férias (ou não!), “a descoberta aplica-se a todos”. - sou tão precoce, ainda me falta um bocadinho para chegar ao fundo do poço e já fujo dele a sete pés…

Alguns não precisam: tenho a sorte e o privilégio de conhecer, conviver e ser amiga de  miudagem (abaixo dos 30 anos!) com cabeças fenomenais, mas outras pessoas…gostava tanto que tivessem mais 10 anos…Mas a vida não é como queremos, é como a fazemos e hoje somos o resultado das decisões tomadas há 20 anos!


sábado, 30 de abril de 2011

Sorriso(s)




"Ela não é perfeita - tu também não és, e os dois poderão nunca ser perfeitos juntos… mas se ela te consegue fazer rir, fazer pensar duas vezes e admitir que és humano e que cometes erros, agarra-a e dá-lhe o máximo que conseguires.

Ela poderá não pensar em ti a cada segundo do dia, mas dar-te-á uma parte dela que sabe que poderás quebrar - o coração.

Por isso, não a magoes, não a mudes, não analises e não esperes mais do que ela poderá dar. Sorri quando ela te fizer feliz, diz-lhe quando ela te puser furioso e sente a falta dela quando ela não estiver.”

(Bob Marley)
 
…serás capaz?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nudez d'Alma




Esta nudez, transparente e libertadora...sinto-a ao amanhecer:


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
 
Alexandre O'Neill

segunda-feira, 7 de março de 2011

Dia de…Dizer Tudo o Que Me Apetece




Quem me conhece, sabe que abomino os chamados Dia de…
Considero-os os ‘Dia das Minorias‘: Dia do Animal, Dia da Criança, Dia do Avô/Avó, Dia do Pai, Dia da Mãe, Dia de Natal, Dia dos Namorados…Dia do Rai-que-parta o marketing que ‘inventou’ toda esta trampice para aliviar consciências… a tal dos esquecimentos.

Longe de ser quem desejaria ser, tenho conhecimento profundo das minhas vastas áreas de melhorias, e esforçando-me por ser uma pessoa melhor todos os dias, compreendendo, aceitando, observando e, sobretudo, amando e valorizando os que me rodeiam.

Gosto de ser mulher. Mulher em grande, perdoem-me a vaidade. Gosto de ser guerreira, batalhadora, neste instinto de leoa, que nunca baixa os braços…’as árvores morrem de pé’.

Gosto de ser mulher. Porque até gosto de homens…

Gosto de ser mulher. Gosto de ser inteligente, intuitiva, sensitiva…aquele ‘toque’ de feiticeira - assusta, eu sei! Mas aqueles/as que vencem o ‘medo’, permanecem, permanecem para sempre.

Gosto de ser mulher. Gosto do talento, da sensibilidade e arte que albergo no coração. Gosto de procurar ver ‘aquilo que ninguém vê’, nesta busca incessante - e sem dormir! - de tudo quanto me preenche e realiza.
 
Desta forma, repito este texto que, há um ano, partilhei com várias pessoas, todas elas muito importantes na minha vida… Como tu, que me estás a ler agora!


O que Sempre Soube das Mulheres
Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa.
Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.
by Rui Zink
É preciso ser-se muito homem para amar uma mulher…

domingo, 6 de março de 2011

Mimos





...numa manhã qualquer desta semana (lixada, tramada, levada-da-breca, ou como poderei defeni-la...), recebo este mail, de uma colega:


"Hola a todos,

retomo la iniciativa de la "costura" de la colcha de recuerdos de Ágata. Sabéis las colchas de cuadros de diferentes telas? Las telas son diferentes, algunas con mucho color, otras estampadas, otras más rugosas, otras retales nuevos, otras retales viejos, cursis, modernas... y juntas hacen un todo nuevo que te ayuda a quitarte el frío y a sentirte como en casa. Esta es la idea. Juntar en un solo documento nuestros retales-recuerdo, para abrigar un poco la ausencia, para sentirnos como en casa. Compartir, digerir, construir, recopilar para que los niños que no han llegado a conocerla bien la vean a través nuestro. Tener nuestra cajita de tesoros en la mesita de noche, para sumergirnos en ella cuando lo necesitemos.

La propuesta es que todo el que quiera pueda expresar su tesoro-recuerdo y hacérmelo llegar para que pueda irlos recopilando. Para que pueda participar todo el que quiera, es importante reenviar este mail o comentarlo con todo el que se nos ocurra que pudiera querer participar. En alguna ocasión he podido hablar con personas que la han conocido brevemente y ya me han hablado de los tesoros que tenían guardados de ella en el bolsillo.

Respecto a la forma en que expresar el tesoro-recuerdo, la que queráis. Ya sabeis, cada retal tiene su color. Y que nadie se preocupe por calidad literaria. Os suena lo de que "la vida se escribe con faltas de ortografía" o lo de que "lo importante es la esencia"?
Que quien quiera pueda escribir un relato, un cuento, una parrafada de desahogo, una sola palabra, un dibujo, un poema, una metáfora, una narración.... todas las telas entran en esta colcha. Y quien dice uno, dice dos, tres o los que se quieran.

En el documento final el escrito quedará anónimo. Pero quedará recogido también un listado de participantes en el que figurará: nombre completo, ciudad y edad.

Respecto al idioma, también todo se vale.

Si alguien se inspira para una portada y/o contraportada también será muy bienvenido.

Si os parece, podemos dejar de margen para escribir nuestra aportación el primer trimestre 2011. La podeis enviar a (endereço de correio electrónico). Por cerrar un plazo y empezar a organizar de alguna manera, simplemente. Después me pondré con la recopilación y me gustaría poder enviaros la colcha "cosida" en mayo. Pero ya veremos si las emociones y la cotidianedad me dejan llegar a la fecha... aunque eso de las fechas... ya veo la sonrisa de Ágata con el tema de las fechas...

Un abrazo a todos y todas,
(nome retirado por mim, of course)

Obviamente, ela não conhece A Tela...mas não podia deixar de expressar a alegria, numa qualquer manhã cinzenta - mesmo que o sol brilhasse na rua - que este mail me proporcionou.

Porque os Amigos são assim: surpreendem-nos quando menos esperamos!
E transformam os nossos momentos...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Gentes...



Os Convencidos da Vida
Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.

Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro. 

Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.

Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim"
Vivo rodeada deles/as. Como escapar-lhes? Como não corromper-me? Como dizer-lhes tudo o que penso? Para reflectir...ou não!
Simples: finjo que me deixo manobrar...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ainda pernoitas...






Pernoitas em Mim

pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória... amas
ou finges morrer

pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas

é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves

já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes

Al Berto, in 'Rumor dos Fogos'

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

De vez em quando...



...soube (tão) bem 'fugir'!

Foram Breves e Medonhas as Noites de Amor

foram breves e medonhas as noites de amor
e regressar do âmago delas esfiapava-lhe o corpo
habitado ainda por flutuantes mãos

estava nu
sem água e sem luz que lhe mostrasse como era
ou como poderia construir a perfeição

os dias foram-se sumindo cor de chumbo
na procura incessante doutra amizade
que lhe prolongasse a vida

e uma vez acordou
caminhou lentamente por cima da idade
tão longe quanto pôde
onde era possível inventar outra infância
que não lhe ferisse o coração

Al Berto, “O Medo”

...foram breves e intensas noites! Mas tu tiveste Medo :)

sábado, 29 de janeiro de 2011

Apeteceu-me




Felicidade Eterna

Antigamente todos os contos para crianças terminavam com a mesma frase, e foram felizes para sempre, isto depois de o Príncipe casar com a Princesa e de terem muitos filhos. Na vida, é claro, nenhum enredo remata assim. As Princesas casam com os guarda-costas, casam com os trapezistas, a vida continua, e os dois são infelizes até que se separam. Anos mais tarde, como todos nós, morrem. Só somos felizes, verdadeiramente felizes, quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre.
José Eduardo Agualusa, in 'O Vendedor de Passados'

Que me perdoem os devotos e seguidores, não sou grande apreciadora. Reconheço talento e carisma, mas…no entanto, hoje apeteceu-me …imaginar estórias de Príncipes e Princesas…com final feliz!

Querer ser mais...




"A paixão é um engano em que nos queremos enganar mais do que tudo. Uma partida pregada pela vida que depois nos reconduz ao lugar quotidiano ao qual pertencemos e nos vai construindo e desfazendo. Dia a dia, todos os dias. O castigo de ter querido ser mais do que se é. Do que se pode." (Pedro Paixão)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Dominguices




A amizade é, acima de tudo, certeza – é isso que a distingue do amor. (Marguerite Yourcenar)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sorrisos




Durante a nossa vida,
Conhecemos pessoas que vem e que ficam.

Outras, que vem e passam.

Existem aquelas que,
...Vem, ficam e depois de algum tempo se vão.

Mas existem aquelas que vem e se vão com uma enorme vontade de ficar... (Charles Chaplin)
 
Estas são aquelas que, de facto, nunca deixamos partir…

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Estudos




"Não sei o que se passa com a sua cabeça, mas a minha está sempre a levar-me para sítios muito mais divertidos do que aqueles em que estou, a fotogramas do passado ou em viagens ao futuro. Para já não falar nos filmes que se entretém a fazer, dos mais cómicos até aos mais dramáticos."
"(...) É uma arte que, afinal, estamos a aperfeiçoar desde os tempos da escola, em que os professores constantemente nos apanhavam “com a cabeça nas nuvens”.
(...)
"O cruzamento dos dados permitiu, também, perceber que os inquiridos eram mais felizes a fazer amor, exercício e a conversar, e mais infelizes a descansar, trabalhar ou ao computador, e ainda que os mais concentrados são mais felizes do que os distraídos, sem que seja possível estabelecer se a felicidade é uma causa ou um efeito."

estudos  de grande interesse: talvez assim consigamos explicar aquele estado letárgico (e feliz!) que nos atinge sem darmos conta.
Quando a cabeça viaja, deixando o corpo preso à terra... e se viajo!
 
... com ou sem iPhone!

domingo, 10 de outubro de 2010

Salpicos dos outros




Este mail* circulou por todas as caixas electrónicas; no entanto, hoje é dia de o retirar do báu e (re)lembrá-lo a todas as pessoas que pertencem ao meu (pequeno) Universo e, já agora, também às que não pertencem:


01. A vida não é justa, mas ainda é boa.

02. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno.

03. A vida é muito curta para desperdiça-la odiando alguém.

04. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.

05. Pague mensalmente seus cartões de crédito.

06. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.

07. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

08. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.

09. Economize para a aposentadoria começando com o seu primeiro salário.

10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.

11. Faça as pazes com o seu passado assim ele não atrapalha o presente.

12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.

14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca
pisca.

16. Respire fundo. Isso acalma a mente.

17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.

18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.

19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.

20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como
resposta.

21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use lingerie chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.

23. Seja excêntrica agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você...

26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras "Em cinco anos, isto importará?"

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todo mundo.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.

31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.

32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.

33. Acredite em milagres.

34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que
você fez ou não fez.

35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.

36. Envelhecer ganha da alternativa - morrer jovem.

37. Suas crianças têm apenas uma infância.

38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.

39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os
lugares.

40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.

41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor ainda está por vir.

43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.

44. Produza!

45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

Escrito* por Regina Brett, 90 anos de idade, em Plain Dealer, Cleveland,
Ohio.

Se escolhesse, o meu Top 5 seriam os pontos: 4, 9, 17, 21 e 24... Difícil escolher!
E o seu Top 5, qual seria? Se não quiser revelá-lo aqui, siga-o apenas...E depois conte-me ;)

Com carinho, a todos que me "escutam", mas sobretudo "à dupla com fabulosa genética"...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Surreal, no mínimo



…é importante frisar: passei uns diazinhos “afastada” de pequices e ninharias, sem ligar [por opção] a televisão, nem o computador…Desliguei, por assim dizer, do mundo, deste mundinho pequenininho, em que residem algumas pessoas e entreguei-me, de alma e coração, numa de I love me, a passear ao ar-livre, a brincar com cães e gatos [implica alimentá-los, fazer-lhes festas…], a ouvir os passarinhos e o mar, a confidenciar ao Céu e ao Vento, a tagarelar com pessoas que, aparentemente, apreciam a minha companhia…enfim, numa onda mesmo de I love me…”porque eu mereço”, diria M., imitando-me, se não andasse por outros Continentes há séculos!

Regressada à cidade, e ao mundo em que [parece!] vendemos a Alma ao Diabo em troca de algum conforto, eis que me deparo com esta barbaridade [este termo soa-me suave e sem ofensa a Atila]:


“(…) Em 2009, António Mexia, CEO da EDP, ganhou 3,1 milhões de euros. Para percebermos melhor, 8.500 euros por dia. Se Mexia fosse pago por um patrão, que lhe dera os milhões porque gostava dos seus lindos olhos, ninguém teria nada com isso. Mas a EDP é uma empresa de capitais mistos. De nós todos, em parte. E salários assim não são fruto das leis do mercado, mas duma combinação entre alguns. Há uns anos, expliquei-o numa crónica sobre um caso que também metia Mexia. Quando este era presidente da empresa, em 2002, um quadro superior entrou para a Galp, de capitais maioritariamente públicos. Dois anos depois, esse quadro saiu como um indemnização de 290 mil euros. Não, não foi despedido, saiu pelo seu pé e porque tinha emprego melhor na Refer, onde o meteu Mexia, entretanto ministro dos Transportes. Se saiu porque quis, qual a razão da indemnização? (…)”


Oito mil e quinhentos euros…por dia…surreal, ou é impressão minha?!
Ferreira Fernandes é colossal e as suas crónicas no DN  do melhor que há!

E entristeço ao ver Valença decorada com bandeiras espanholas nas varandas [esta Valença que conheço desde miúda, esta fortaleza que percorri vezes sem conta], surpreendo-me com as viagens de “finalistas” de menores por terras de Espanha [será, sem dúvida, gaffe minha, mas adolescentes, menores, serão finalistas do quê?! Estão no início de tudo ... podem ser finalistas de alguma coisa?!] e os seus desacatos/shots cola-whiskey ou lá o que é…

Portanto, o melhor é esparramar-me no sofá, ao lado da Pipoquinha e deliciar-me com um dos meus filmes preferidos [O Patriota, caso interesse saber].
É que assim não dá: é [quase] tudo demasiado mau para ser verdade!

domingo, 21 de março de 2010

Estou tão fartinha...



´Estou cansada de sonhar, de desejar, de te querer e não te ter, de nunca saber se pensas ou não em mim, se à noite adormeces com saudades no peito ou te deitas com outras mulheres. Depois de todas as palavras e de todas as esperas, fiquei sem armas e sem forças. Sobra-me apenas a certeza de que nada ficou por fazer ou dizer, que os sonhos nunca se perderam, apenas se gastaram com a erosão do tempo e do silêncio.´

Margarida Rebelo Pinto


 
…e tão, mas tão cansada...
Lutar não me cansa, dá-me adrenalina, é o meu ópio…
Lutar, lutar, lutar!

Desistir cansa-me, aniquila-me, reduz-me a nada.
Desistir, desistir, desistir...


quinta-feira, 18 de março de 2010

Contraluz



De Fernando Fragata, o novo filme “Contraluz”, permite a António Feio…despedir-se:

“Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer, por fazer.”






Despedimo-nos dos outros a cada momento que passa…sem dar-mos conta. Cada instante, cada dia vai-nos afastando…uns dos outros.

Inversão de marcha.

Antes que seja demasiado tarde…costumo acrescentar.

terça-feira, 9 de março de 2010

A Mais Bela



[referente a ontem, um daquele dias, em que se “destacam” as minorias…e irrito-me solenemente com a discriminação… mas seja, adopto a postura proactiva – própria dos grandes momentos – e encaro-o com um “agradozinho para adoçar a boca”. Rauf-Rauf!]


Uma Manhã. Uma Prenda. Uma Homenagem. Uma Reflexão.

Um homem que escreve assim…Um homem que pensa [nem que seja só às vezes…] … Um homem que consegue, realmente, amar as mulheres…

Transcrevo-a, na íntegra, saboreando cada palavra:

O que sempre soube das mulheres, mas tive à mesma de perguntar
by Rui Zink (professor e escritor)



Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem.
Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho.
Escrevem que se desunham.
Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las.
Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores.
São superiores.
Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos.
Perdoam facilmente, mas nunca esquecem.
Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar.
Têm uma capacidade de entrega que até dói.
São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte.
Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende.
Têm dias.
Têm noites.
Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, mas com muito mais nível.
Inventaram o telemóvel ao volante.
São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça, levam tudo à frente.
Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas.
Fazem-se de inocentes e (milagre), por esse acto de vontade, tornam-se mesmo inocentes.
Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem.
Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes.
Não compreendem nada.
Compreendem tudo.
Sabem que o corpo é passageiro.
Sabem que, na viagem, há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor.
Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens.
São tramadas.
Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca.
A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar.
E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande, mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.




(Robert Doisneau)

… tem tudo de mim! “Apaixono-me” por palavras, mesmo sabendo que “todo o Poeta é um fingidor”, quero [obrigo-me!] a acreditar que alguém me [nos] consegue ver… com o coração.

[só para ler este texto e, por instantes, acreditar, enfim, já valeu a pena!]


segunda-feira, 1 de março de 2010

Corruptos nossos amigos ??? (by Rui Zink*)



Hilariante, actual …super-adaptado!

“Quem disse que bater nos mais fracos não dá gozo?”

Deve ser o novo desporto nacional, ultrapassando largamente o “nosso” desporto-rei: de repente, uma onda de violência psicologia, totalmente anarquista e arrasadora: bater nos mais fracos virou moda…porque enfrentar os que se podem/conseguem/querem defender já é outra conversa… é preciso ter yinyins! E há uma excassez!

“(…) Não bater nos mais fracos não faz o menor sentido. Porque, se não for nos mais fracos, vamos bater em quem? (…)”


*Professor e escritor